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Colaboração entre Startups e Grandes Corporações no Setor de Saúde e Biotecnologia

A aliança entre startups e grandes corporações é uma estratégia fundamental para promover a inovação aberta de forma orgânica e sustentável. Startups trazem ideias disruptivas e soluções criativas para desafios específicos, enquanto grandes empresas oferecem os recursos e a infraestrutura necessários para que essas inovações sejam rapidamente implementadas e beneficiem a sociedade.


No setor de saúde, onde a demanda por novas soluções é urgente, essa colaboração é especialmente vantajosa. Parcerias bem-sucedidas permitem que inovações cheguem mais rapidamente ao mercado, atendendo às necessidades de pacientes e sistemas de saúde. No entanto, há desafios para concretizar essas alianças.


Desafios e Modelos de Parceria

Um dos principais obstáculos é identificar startups cujas soluções estejam alinhadas às necessidades específicas das grandes empresas. Essa pesquisa pode ser demorada, exigindo análises cuidadosas de mercado e de tecnologia. Após encontrar o parceiro ideal, a negociação de termos jurídicos é essencial, garantindo clareza quanto aos direitos e responsabilidades. Além disso, muitas soluções inovadoras precisam ser submetidas à aprovação de órgãos reguladores, como a ANVISA, o que pode aumentar o tempo até a entrada no mercado.


Há diversos modelos de colaboração que variam em profundidade e integração. Por exemplo: a presença de um representante da grande corporação no núcleo de pesquisa da startup; o desenvolvimento de parte de um projeto corporativo nas instalações da startup e a transferência de um núcleo do departamento de P&D&I da empresa para o ambiente da startup.


Esses modelos são vantajosos para ambos os lados. Grandes corporações podem reduzir custos e etapas de validação, aproveitando protocolos já estabelecidos pelas startups. Além disso, as startups têm acesso a equipamentos, redes colaborativas e proximidade com universidades, que são fontes de pesquisa de ponta.


Além dos benefícios no campo da inovação em si, a grande corporação se beneficia da metodologia de trabalho da startup, identifica as rotas promissoras de determinada tecnologia e se mantém atualizada no mercado de biotechs. Em razão de utilizar organismos vivos ou sistemas biológicos para desenvolver novos produtos, serviços e tecnologias para saúde, agricultura, aplicações industriais e outros campos, o mercado de biotecnologia abrange uma ampla gama de setores, incluindo biofarmacêutico, pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia, bioprocessamento, genômica, proteômica, bioinformática e biologia sintética.


O mercado global de biotecnologia tem crescido rapidamente nos últimos anos, impulsionado por uma série de fatores, tais como o aumento da procura de tratamentos inovadores para doenças crônicas, o aumento dos investimentos em inovação, os avanços na tecnologia e o incremento do apoio governamental. A pesquisa e o desenvolvimento em biotecnologia geralmente envolvem engenharia genética, edição de genes e outras técnicas avançadas para modificar ou manipular organismos vivos para produzir características ou resultados desejados. A biotecnologia revolucionou muitas indústrias e tem potencial para enfrentar alguns dos desafios mais prementes do mundo, como as doenças, a fome e as alterações climáticas.


As startups podem ser inseridas no contexto das grandes empresas de diversas formas, variando conforme os objetivos estratégicos e o estágio de desenvolvimento das inovações. Uma abordagem comum é a criação de programas de aceleração ou incubação corporativa, onde startups recebem apoio em forma de mentoria, infraestrutura e financiamento para desenvolver soluções que atendam às demandas específicas da corporação. Outra forma de colaboração ocorre por meio de contratos de fornecimento de tecnologia, nos quais a startup oferece produtos ou serviços diretamente integrados às operações da grande empresa.


Além disso, existem modelos de co-desenvolvimento, onde as startups colaboram com equipes internas de P&D para aprimorar tecnologias, explorar novos mercados ou desenvolver inovações em conjunto. Essas parcerias podem incluir desde a criação de laboratórios conjuntos até o estabelecimento de unidades de negócio focadas em novas tecnologias, o que possibilita uma sinergia mais profunda e aumenta as chances de sucesso para ambas as partes.

 

O modelo do SUPERA Parque na Inovação Aberta

O SUPERA Parque, localizado no campus da USP em Ribeirão Preto, é um exemplo concreto de como a colaboração entre startups e grandes corporações pode ser promovida. Com foco em biotecnologia, o parque desenvolve soluções nas áreas de saúde, agronegócio e meio ambiente, abrangendo produtos como medicamentos, vacinas, bioinsumos e tecnologias para tratamento ambiental.


Além disso, o Parque também investe em healthtechs, com iniciativas em telemedicina, inteligência artificial para diagnósticos e plataformas digitais para monitoramento remoto de pacientes. Essas soluções permitem que startups e empresas criem produtos inovadores que transformam o atendimento à saúde, otimizando o acesso e a eficiência dos serviços.


O SUPERALab é o programa de inovação aberta do Parque que visa construir conexões entre os diferentes atores do ecossistema de inovação. É por meio dessas conexões que se constroem diferentes iniciativas unindo pessoas, conhecimentos e estruturas para a geração de novas soluções e novos modelos de negócio. Esse programa é orientado a articulação de esforços, necessidades e capacidades na direção de contribuir para um desenvolvimento socioeconômico sustentável.


Os principais serviços oferecidos dentro do programa, são implantação de hub setorial com foco na captação e aceleração de projetos alinhados aos interesses da organização e suporte para implantação de núcleo estratégico de inovação e formatação de política de inovação.


O SUPERA Lab chegou ao final de 2023 com cinco hubs de inovação em operação, prospectando projetos para os setores de gás e energia, gestão pública, urbanismo e construção civil, agro e saúde. Ao todo, 206 oportunidades de inovação foram mapeadas e 11 provas de conceitos foram realizadas.


Benefícios Mútuos e Impacto Global

Além dos ganhos em inovação, grandes corporações se beneficiam ao adotar a mentalidade ágil das startups, que permite identificar tendências promissoras e manter-se competitivas no mercado global de biotecnologia. Este mercado abrange uma vasta gama de setores, incluindo biofarmacêutico, bioprocessamento, genômica e biologia sintética, sendo impulsionado por avanços tecnológicos e pelo aumento do investimento em pesquisa e desenvolvimento.


A colaboração entre grandes empresas e startups também traz oportunidades de expansão internacional e maior integração com práticas de ESG (ambiental, social e governança), fundamentais para uma atuação sustentável no mercado atual. Startups, por sua vez, obtêm acesso a novos mercados e aprendem com as práticas empresariais consolidadas, como gestão de pessoas e rentabilidade.


Apesar dos desafios enfrentados para concretizar as parcerias entre startups e grandes corporações no setor de saúde e biotecnologia, os benefícios são evidentes. A colaboração estratégica acelera a chegada de inovações ao mercado, melhora a eficiência dos processos e permite que as empresas aproveitem tecnologias emergentes para atender melhor às necessidades de saúde da população. As startups trazem agilidade e criatividade, enquanto as grandes corporações fornecem infraestrutura e alcance de mercado, formando um ecossistema que propicia o avanço de soluções inovadoras em escala global.


O futuro da inovação aberta no setor de biotecnologia é extremamente promissor, com tendências que incluem o uso crescente de inteligência artificial na saúde, terapias personalizadas, e soluções sustentáveis para o agronegócio. Ao alavancar as capacidades de ambos os lados, o setor pode enfrentar grandes desafios, como doenças crônicas, segurança alimentar e mudanças climáticas, com uma abordagem colaborativa e orientada para o impacto.


Como sua organização tem aproveitado as oportunidades proporcionadas pela Inovação Aberta? Compartilhe suas experiências e insights nos comentários, e vamos continuar a conversa sobre como fortalecer a colaboração entre startups e corporações para impulsionar o desenvolvimento no setor de saúde e biotecnologia.





por Maria Angélica Oliveira Luqueze

Bolsista Doutor em Projetos Estratégicos - Supera Parque

 
 
 

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