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Como Frear a Epidemia de Obesidade: De Quanta Inovação Ainda Precisamos?

A obesidade figura como uma das crises globais de saúde mais desafiadoras do século XXI. Um estudo recente publicado na The Lancet (disponível aqui) revela que intervenções atuais têm sido insuficientes para conter o aumento das taxas de obesidade e sobrepeso, com projeções alarmantes até 2050. Nesse contexto, vamos explorar os avanços necessários para abordar essa epidemia, a posição do Brasil no contexto global e como startups brasileiras podem contribuir para soluções inovadoras.


A Epidemia em Números: Cenário Global e Brasileiro

O estudo destaca que, nos EUA, cerca de 250 milhões de pessoas poderão estar acima do peso até 2050, uma cifra que representa quase dois terços da população adulta. As projeções indicam que, em estados como Mississippi e Kentucky, até 50% dos adolescentes e 70% dos adultos estarão obesos. Esses números refletem uma crise com implicações diretas na saúde pública e nos custos econômicos: apenas em 2016, os EUA gastaram entre 261 e 481 bilhões de dólares em despesas médicas associadas à obesidade.


No Brasil, ainda que os dados sejam menos detalhados, as tendências não diferem muito. Estudos nacionais apontam um crescimento constante das taxas de obesidade, especialmente entre crianças e adolescentes. Esse grupo é particularmente preocupante, uma vez que a obesidade infantil frequentemente persiste na idade adulta, contribuindo para doenças crônicas como diabetes tipo 2 e hipertensão.


Fatores estruturais, como desigualdades regionais, acesso limitado a alimentos saudáveis e ambientes urbanos que não favorecem atividades físicas, ampliam o problema no Brasil. Essa realidade exige estratégias integradas, que considerem as especificidades de cada região e grupo populacional.


Inovações Necessárias: Muito Além dos Tratamentos

Entre os avanços mais promissores no combate à obesidade, destacam-se os medicamentos à base de GLP-1 (agonistas do receptor de GLP-1), como Mounjaro, Ozempic e Wegovy. Esses fármacos revolucionaram o tratamento da obesidade ao promover perdas de peso significativas e auxiliar no controle de condições associadas, como diabetes tipo 2. O impacto positivo dessas terapias é inegável, mas o alto custo e o acesso restrito ainda limitam sua adoção em larga escala, especialmente em países emergentes.


Legenda: Prevalência estimada de obesidade nos Estados Unidos em 2021, por grupo etário e sexo. Os dados indicam uma maior prevalência de obesidade em mulheres em quase todas as faixas etárias, com picos entre os 50 e 54 anos para mulheres e 45 a 49 anos para homens. As áreas sombreadas representam os intervalos de incerteza de 95%.


Além disso, a eficácia desses medicamentos varia entre indivíduos, o que destaca a importância de abordagens personalizadas. Apesar de seu papel crucial no manejo da obesidade, o estudo da The Lancet enfatiza que intervenções clínicas isoladas não resolverão a crise. A epidemia é impulsionada por fatores complexos, como sistemas alimentares inadequados, urbanização e desigualdades econômicas, que exigem mudanças estruturais e políticas públicas robustas.


No Brasil, o uso de ativos naturais provenientes da biodiversidade oferece um campo fértil para inovações terapêuticas. Pesquisas que combinam biotecnologia e ingredientes naturais podem complementar os avanços em GLP-1, proporcionando alternativas acessíveis e eficazes para a população brasileira.


Startups Brasileiras: Um Papel Central na Inovação

O ecossistema de inovação brasileiro, especialmente em saúde, está em ascensão, oferecendo oportunidades únicas para startups desempenharem um papel transformador na luta contra a obesidade. Áreas como digital health, nutrição personalizada e biotecnologia aplicada têm atraído a atenção de investidores e programas de aceleração, destacando o potencial das empresas nacionais.

Startups podem contribuir em várias frentes:


  • Prevenção e Educação em Saúde: Plataformas digitais que promovem hábitos alimentares saudáveis e incentivam a atividade física podem alcançar grandes segmentos da população, especialmente em áreas remotas.


  • Nutrição Personalizada: Aplicativos que utilizam inteligência artificial para criar planos alimentares baseados no perfil genético e nas condições de saúde de cada indivíduo.


  • Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): Empresas focadas em novas terapias, incluindo o uso de ativos naturais brasileiros, podem ajudar a diversificar os tratamentos disponíveis para obesidade.


Entretanto, as startups brasileiras enfrentam desafios significativos, como acesso limitado a financiamento e barreiras regulatórias. Programas como os da Embrapii, Fiocruz, Biominas e iniciativas de grandes empresas farmacêuticas podem desempenhar um papel essencial no suporte a essas empresas, ajudando-as a superar essas barreiras e escalar suas inovações.


O Papel do IBIS: Conectando e Transformando

Nesse contexto, o Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde - IBIS surge como um catalisador para o desenvolvimento de soluções integradas e escaláveis. Ao promover colaborações entre startups, instituições de pesquisa e governos, o IBIS busca conectar as demandas do sistema de saúde a soluções inovadoras e sustentáveis.


O Instituto desempenha um papel estratégico ao:

  • Facilitar parcerias internacionais para acesso a tecnologias de ponta.

  • Promover programas de capacitação para empreendedores em saúde.

  • Conectar startups a redes de investidores e hubs de inovação no Brasil e no exterior.


Ao integrar esforços de diferentes setores, o IBIS visa acelerar o desenvolvimento de tecnologias e políticas que possam impactar positivamente a saúde pública.


Brasil: Líder Potencial no Cenário Global

Com uma biodiversidade única e um ecossistema de inovação em expansão, o Brasil tem o potencial de liderar a busca por soluções para a obesidade. Essa liderança, no entanto, dependerá de um compromisso coletivo entre governo, iniciativa privada e sociedade civil para transformar ideias em ações concretas.


Além disso, o Brasil deve aproveitar sua posição para se destacar em fóruns internacionais e atrair investimentos estratégicos. A participação em eventos globais, como a BIO International Convention, é uma oportunidade de mostrar ao mundo o potencial do país para gerar tecnologias de impacto global.


Frear a epidemia de obesidade exige muito mais do que intervenções pontuais. Precisamos de uma mobilização ampla e coordenada que combine avanços clínicos, mudanças estruturais e ações preventivas. O Brasil, com sua diversidade cultural e capacidade de inovação, está bem posicionado para liderar esse movimento, mas isso requer um compromisso contínuo com políticas públicas eficazes e inovação colaborativa.


Que esse estudo inspire uma nova geração de empreendedores, pesquisadores e líderes políticos a unirem esforços para um futuro mais saudável e sustentável.





por Marcio de Paula

Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde - IBIS

 
 
 

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