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IA domina o venture capital, mas há espaço para healthtechs no Brasil?

O ano de 2024 trouxe mudanças significativas no mercado global de venture capital, com a inteligência artificial (IA) emergindo como a grande força motriz por trás dos investimentos. De acordo com o mais recente relatório da CB Insights, a IA domina o venture capital e foi responsável por 37% de todo o financiamento de risco e 17% dos acordos globais – os maiores percentuais já registrados​.


As cinco maiores rodadas de venture capital de 2024 foram destinadas a empresas de IA, com destaque para Databricks, que levantou US$ 10 bilhões em uma Série J, e OpenAI, que arrecadou US$ 6,6 bilhões. Esses números deixam claro que as grandes empresas de tecnologia e as startups mais avançadas no desenvolvimento de soluções de IA estão capturando um volume expressivo de capital​.


No entanto, o relatório também revela um lado menos otimista: o volume total de deals caiu 19% em relação ao ano anterior, atingindo 26.961 transações – o menor número desde 2016. Essa retração reflete uma maior seletividade por parte dos investidores, que estão direcionando seus recursos para áreas com maior potencial de retorno a curto e médio prazo​.


Negociações em inteligência artificial têm crescido em diversas indústrias, incluindo ciências da vida
CB Insights Venture Report 2024: Embora a IA e a automação industrial dominem a lista, um ponto de destaque é o crescimento de 45% em biológicos derivados de IA – proteínas, representando o setor de ciências da vida e saúde.

Os mercados de tecnologia que mais crescem giram em torno da IA, automação industrial e ciências da vida. A aplicação de IA na descoberta e desenvolvimento de proteínas e outros biológicos está impulsionando o crescimento no setor de saúde e ciências da vida. Esse aumento reflete o interesse crescente de investidores em soluções que combinam IA com biotecnologia, acelerando a criação de novos medicamentos, terapias e biomoléculas.


Esse crescimento indica que a IA não está apenas transformando setores tradicionais, mas também desempenha um papel essencial na inovação em saúde, impulsionando pesquisas que podem revolucionar o tratamento de doenças e a produção de novos biológicos. Para startups de healthtech e biotecnologia no Brasil, essa tendência aponta um caminho promissor para explorar o potencial da IA na área da saúde.


Impacto na América Latina e no Brasil

Para a América Latina, e especialmente o Brasil, os dados do relatório da CB Insights servem como um termômetro do que esperar nos próximos anos. Embora o volume de investimentos tenha recuado em diversos setores, algumas áreas mostram sinais de resiliência, como automação industrial e soluções de IA aplicadas à saúde.


A área de saúde, em particular, tem demonstrado grande potencial para alavancar tecnologias emergentes. Startups brasileiras estão explorando a IA em aplicações que vão desde diagnósticos assistidos até a otimização da gestão hospitalar.


Um exemplo notável é a Munai, startup que utiliza IA para apoiar o cuidado com a saúde mental e o bem-estar emocional. A Munai desenvolve uma assistente virtual que aplica técnicas de terapia cognitivo-comportamental, auxiliando empresas a monitorar e melhorar a saúde emocional de seus colaboradores. Essa inovação destaca como a IA está se tornando uma ferramenta fundamental na criação de soluções acessíveis e escaláveis na área da saúde​.


Oportunidade em startups early-stage

O relatório da CB Insights também destaca que 74% dos acordos envolvendo IA foram fechados com startups em estágio inicial (early-stage), o que reflete o apetite crescente dos investidores por soluções inovadoras desde o princípio​.


Esse dado é promissor para healthtechs brasileiras que estão na fase inicial de desenvolvimento. O interesse em startups early-stage mostra que, apesar do ambiente de venture capital estar mais competitivo, há espaço para ideias disruptivas que tragam soluções relevantes para o setor de saúde.


Além disso, a redução dos custos de desenvolvimento, impulsionada pelo avanço das ferramentas de IA generativa, permite que startups criem produtos com menos recursos e equipes enxutas. Isso abre uma janela de oportunidade para empreendedores que buscam escalar suas soluções rapidamente, mesmo em um ambiente de investimento mais restrito.


O desafio do crescimento e da consolidação

Embora o cenário seja favorável para startups em estágio inicial, o relatório aponta que as empresas em fases mais avançadas enfrentam um cenário desafiador. As valorações (valuations) de startups em estágios intermediário e avançado permaneceram abaixo dos níveis observados em 2021 e 2022, mesmo com uma leve recuperação em relação a 2023​.


Para startups healthtech brasileiras, isso significa que, após uma rodada de captação inicial, o desafio passa a ser a demonstração de resultados concretos e a validação do modelo de negócios. Empresas que conseguem comprovar impacto mensurável e construir parcerias estratégicas aumentam suas chances de atrair novos investidores nas fases de crescimento.


Programas de aceleração, incubadoras e parcerias com universidades e hospitais têm sido fundamentais para healthtechs no Brasil. Essas iniciativas ajudam startups a validar suas tecnologias e acessar redes de investidores e clientes potenciais.


IPO: uma espera mais longa

Outro dado relevante apresentado pela CB Insights é o tempo médio necessário para que uma startup realize seu IPO. Em 2024, empresas apoiadas por venture capital levaram, em média, 7,5 anos desde a primeira rodada de financiamento até a abertura de capital – dois anos a mais do que em 2022​. Esse adiamento reflete a instabilidade nos mercados públicos e a preferência de muitas startups por continuar captando capital privado enquanto as condições macroeconômicas não se estabilizam.


No Brasil, nos últimos 3 anos, nenhuma empresa realizou IPO, reforçando a importância de estratégias alternativas de crescimento, como fusões, aquisições e parcerias estratégicas.


IA como diferencial competitivo

Apesar dos desafios, a IA continua sendo uma ferramenta poderosa para startups que buscam diferenciação. A capacidade de analisar grandes volumes de dados, personalizar tratamentos e automatizar processos coloca as startups que investem em IA em uma posição privilegiada para atrair capital e crescer.


No contexto brasileiro, parcerias público-privadas e hubs de inovação em saúde podem desempenhar um papel decisivo para impulsionar startups healthtech. Programas como o InovaHC, do Hospital das Clínicas da USP, e as iniciativas do Eretz.bio são exemplos de esforços que visam integrar a IA às soluções de saúde, fortalecendo o ecossistema de inovação.


No IBIS, temos visto de perto como a convergência entre biotecnologia e inteligência artificial está abrindo portas para startups no setor de saúde. Mais do que conectar empreendedores a investidores, temos facilitado parcerias com hospitais, universidades, indústrias e laboratórios, criando um ecossistema que impulsiona a inovação e acelera o crescimento de soluções promissoras. Se sua startup busca avançar nesse cenário, há muitas oportunidades para explorar e expandir sua presença no mercado. Entre em contato conosco!


Para ter acesso ao relatório completo do CB Insights, clique aqui.


Marcio de Paula - Fundador do Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde - IBIS



por Marcio de Paula

Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde - IBIS


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