
A inovação aberta tornou-se uma ferramenta crucial para o avanço do setor de saúde no Brasil. Conectando startups, corporações, universidades e ICTs, investidores e governo, essa abordagem permite que esses atores trabalhem juntos para resolver desafios complexos e desenvolver soluções inovadoras. Adaptado ao contexto brasileiro, o conceito de inovação aberta visa o fortalecimento de um ecossistema colaborativo, impulsionando o crescimento do setor de saúde e biotecnologia.
1. Startups: O Motor da Inovação
No ecossistema brasileiro, as healthtechs e startups deeptechs desempenham um papel central na inovação em saúde. Empresas emergentes estão desenvolvendo soluções inovadoras em áreas como inteligência artificial para diagnósticos, telemedicina e big data em saúde. Elas são impulsionadas por iniciativas como o Inovativa Brasil e o Eretz.bio, aceleradora do Hospital Israelita Albert Einstein, que promove o desenvolvimento de novas tecnologias e conecta startups a grandes players da indústria.
No entanto, para que essas startups prosperem, é fundamental que elas acessem redes de contatos, infraestrutura e recursos. O modelo de inovação aberta permite que startups colaborem com grandes corporações e universidades para validar suas tecnologias e construir um caminho viável para o mercado. No Brasil, o PIPE-FAPESP é um exemplo claro de como parcerias com instituições de pesquisa podem catalisar a inovação.
2. Corporações: Alavancando Parcerias para Inovação
As grandes corporações no Brasil estão cada vez mais recorrendo à inovação aberta para colaborar com startups e desenvolver tecnologias disruptivas. As empresas farmacêuticas brasileiras também têm investido significativamente em inovação incremental, focando na melhoria de produtos existentes e no desenvolvimento de novos medicamentos e terapias. Esses esforços são essenciais para garantir a competitividade dessas empresas em um mercado globalizado e em constante transformação.
Além disso, corporações no setor de saúde, como o Hospital Sírio-Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein, têm se tornado hubs de inovação, criando ecossistemas que atraem startups e pesquisadores. Essas instituições, ao lado das unidades Embrapii, desempenham um papel estratégico ao proporcionar o ambiente ideal para o desenvolvimento de soluções avançadas, como dispositivos médicos, novos tratamentos e tecnologias voltadas para a saúde digital.
3. Universidades e ICTs: Catalisadores de Pesquisa e Desenvolvimento
As universidades e Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) no Brasil são cruciais para o ecossistema de inovação em saúde. Através de parcerias com startups e grandes corporações, elas oferecem o conhecimento científico e a infraestrutura necessários para transformar ideias inovadoras em produtos viáveis. Instituições como a USP e a Fiocruz são exemplos de centros de pesquisa que promovem a interação entre a academia e o setor privado.
As unidades Embrapii também são uma força motriz importante nesse processo, funcionando como intermediárias entre empresas e centros de pesquisa para promover o desenvolvimento de soluções tecnológicas. Através de projetos colaborativos, as unidades Embrapii conectam o setor produtivo às universidades e ICTs, facilitando o acesso a recursos de pesquisa e a especialistas técnicos.
4. Investidores e Órgãos de Fomento: Financiando o Futuro
Para que o ecossistema de inovação prospere, o financiamento é fundamental. No Brasil, além dos fundos de venture capital, os órgãos de fomento desempenham um papel essencial. O BNDES e a FINEP oferecem linhas de crédito e subsídios voltados para inovação, ajudando startups e corporações a investir em pesquisa e desenvolvimento.
Os fundos privados, como a Vox Capital e Kaszek Ventures, têm se destacado no investimento em healthtechs e biotechs brasileiras, apoiando seu crescimento e escalabilidade. O programa Mais Inovação, lançado pelo governo federal, é outra iniciativa importante, com bilhões de reais destinados ao financiamento de tecnologias inovadoras no setor de saúde até 2026.
5. Governo: Criando o Ambiente para a Inovação
O governo brasileiro tem sido um ator fundamental na criação de um ambiente propício para a inovação. Através de políticas públicas, como a Lei do Bem e a Lei de Inovação, o governo incentiva as empresas a investirem em P&D e a colaborarem com startups e universidades. Além disso, o governo atua como regulador, garantindo que as inovações tecnológicas, como novos medicamentos e dispositivos médicos, sejam seguros e eficazes para a população.
A ANVISA, por exemplo, tem desempenhado um papel ativo na aceleração dos processos regulatórios para novas tecnologias, facilitando a entrada de inovações no mercado e permitindo que o Brasil se posicione como um polo de inovação em saúde.
Cenário Futuro: O Caminho para a Maturidade do Ecossistema de Inovação em Saúde no Brasil
À medida que o ecossistema de inovação em saúde no Brasil continua a se desenvolver, vemos sinais claros de amadurecimento. As colaborações entre startups, corporações, universidades, ICTs, investidores e governo estão se tornando mais robustas e frequentes. No entanto, para que o Brasil consolide sua posição como um líder global em inovação em saúde, é necessário que essas parcerias evoluam, gerando soluções globais nascidas e criadas no país.
O futuro do ecossistema brasileiro depende da capacidade de transformar inovação incremental em tecnologias disruptivas que possam competir no cenário global. As corporações farmacêuticas precisam continuar expandindo suas agendas de inovação, não apenas para melhorar produtos existentes, mas também para explorar novas fronteiras tecnológicas. Com o suporte de universidades, ICTs e órgãos de fomento, o Brasil está cada vez mais próximo de desenvolver tecnologias que não só atenderão às demandas internas, mas também criarão impacto significativo no cenário global da saúde.

por Marcio de Paula
Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde - IBIS
Comments